Reerguer o movimento mundial pelo fim do genocídio e pelo direito do povo palestino à autodeterminação.
Derrotar o plano dos Estados Unidos de liquidar a resistência do Hamas, de expulsar os palestinos e de anexar a Faixa de Gaza.
Na primeira fase do cessar-fogo, Netanyahu esteve perto de não cumprir o
acordo. Mas, precisava mostrar aos familiares e à população israelense que estava se esforçando em libertar os reféns vivos e reaver os restos mortais dos que não sobreviveram ao cativeiro. Deixou claro, porém, que as Forças Armadas de Segurança de Israel não recuariam em toda a parte do território ocupado. E não desistiria do objetivo de destruir o Hamas.
Apesar dessa transparência, chegou-se a considerar o acordo ditado pelos Estados Unidos como uma vitória ou semi-vitória do Hamas. O acordo em si não garantia o seu cumprimento da parte do Estado sionista. Netanyahu concordou em aceitar seus termos sabendo que poderia rasgá-los a qualquer momento, enquanto o Hamas e as demais organizações da resistência teriam de cumpri-los à risca.
Trump manobrou com o acordo das três fases nas condições em que o governo de Bashar-al-Assad caia na Síria e diminuía a capacidade do Hezbollah no Líbano. Por outro lado, o Irã caminhava para o isolamento e o Iêmen não poderia ir além dos ataques pontuais no Mar Vermelho. Nem bem se pôs em andamento o “acordo”, Trump anunciou a intenção do imperialismo remover parte significativa da população da Faixa de Gaza, esmagada pelos bombardeios e exaurida nos acampamentos de concentração, para outros países e, assim, concluir a anexação, que sempre esteve na base da guerra sionista contra o povo palestino.
A reação dos países árabes foi a de assumir um plano de reconstrução da Faixa de Gaza. Apresentaram um cálculo de US$ 53 bilhões. Foram claros, porém, que tomariam parte de uma intervenção sem se colocarem pela expulsão das forças militares israelenses e pelo fim de qualquer interferência do imperialismo norte americano.
Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes e Egito servem aos interesses dos Estados Unidos no Oriente Médio. Suas feudais-burguesias capitularam diante do objetivo expansionista e anexionista do Estado sionista de Israel, puxados pelos Estados Unidos. E alimentaram as divisões e conflitos na região, valendo-se dos resultados das guerras de intervenção norte-americana no Iraque e na Síria, e, assim, alimentando a polarização com o Irã.
Os árabes sediaram o “acordo” forjado no final do governo Biden e no início do governo Trump. Serviram de serviçais a uma manobra montada pelos Estados Unidos, que foram historicamente os principais responsáveis pela criação forçada do Estado sionista, pela sucessão de guerras e pelo fortalecimento da estratégia expansionista da burguesia judia-israelense.
O maior dos crimes está em que a Autoridade Palestina da Cisjordânia (AP) tem
sido conivente e servido de sabujo dos Estados Unidos. Todos sabiam que o “acordo” do cessar fogo em três fases apenas serviria de promoção ao governo fascistizante de Trump. O maior dos problemas se encontra no desmonte do movimento mundial das massas de condenação ao genocídio e pela expulsão das forças sionistas da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. É preciso reerguê-lo como frente única anti imperialista em defesa da nação oprimida e contra as ofensivas econômicas e militares das potências que resultam em anexações. É necessário levar a sério a disposição de Trump de ocupar a Groelândia e o canal do Panamá, bem como transformar o Canadá em mais um dos estados que compõem os Estados Unidos. Levar a sério a paz anexadora e saqueadora na guerra da Ucrânia.
A retomada dos bombardeios na Faixa de Gaza, em poucos dias, deixou mais de 500 mortos. A carnificina se retrata na aproximação de 50 mil mortos. Não importa se são civis, crianças, mães e velhos. O objetivo dos sionistas e da burguesia imperialista é o de acabar com qualquer controle territorial pelos palestinos. Não pode restar nem mesmo ilusões na possibilidade de um Estado palestino.
A barbárie que se ergue na Faixa de Gaza é uma expressão em miniatura do que está por vir com a ofensiva dos Estados Unidos para manter sua hegemonia e com o rearmamento da Europa a pretexto da defesa contra o expansionismo russo.
Trump prepara o terreno para a confrontação com a China. Essa marcha está à
vista. A retomada dos bombardeios ao Iêmen, de fato, aponta as armas ao Irã. Nenhum acordo de pacificação pode vir do imperialismo em geral,
e, em particular, dos Estados Unidos.
A luta contra as guerras de anexações e pela autodeterminação das nações oprimidas está no centro da decomposição mundial do capitalismo, que potencia e impulsiona a escada bélica, a maior após o fim da Segunda Guerra Mundial. É sintomático que os próprios porta vozes do grande capital mencionam os perigos de uma terceira guerra. Assistimos ao ímpeto do armamento nuclear, claramente expresso pela França e Inglaterra. O bilionário orçamento militar aprovado pela União Europeia dá a perfeita dimensão dos perigos que corre a humanidade.
É nesse terreno que Israel retoma os ataques destrutivos e mortíferos contra os palestinos que resistem heroicamente aos invasores.
Trump procura sufocar as universidades norte-americanas em que se realizaram manifestações contra o genocídio. Acaba de desfechar ataques a lideranças e críticos do governo Netanyahu. Vale-se da farsa sionista de autodefesa diante do antissemitismo. Prendeu e está prestes a expulsar dos Estados Unidos o ex-aluno palestino da Universidade Columbia, Mahmoud Kalil e o estudante indiano Badar Kahn, da Universidade Georgetown. Trump teme a retomada da luta estudantil pró-palestinos e pelo fim da intervenção militar.
Judeus antissionistas se manifestaram na entrada do edifício Trump Tower pela libertação de Mahmoud Khalil. É importante que judeus e palestinos se unam pelo fim imediato da guerra de dominação e pelo direito à autodeterminação da nação oprimida. Esse é o caminho, inclusive, para combater a direita antissemita, que evidentemente continua existindo.
Trabalhadores e juventude oprimida, a retomada dos bombardeios e a invasão das áreas desocupadas na primeira fase do acordo devem ser condenadas e combatidas reorganizando a luta nas ruas. Estamos diante da necessidade premente de reerguer e erguer novos comitês de frente única anti-imperialista pelo fim do genocídio, contra as anexações e pelo direito à autodeterminação da nação oprimida.
Lutadores da causa palestina, vamos exigir que os sindicatos sejam postos a serviço dos oprimidos contra os seus opressores. Para isso, os comitês têm de ir para as portas das fábricas, mobilizar a juventude e realizar uma campanha unificada de todas as organizações que servem à luta dos explorados. Todas as correntes que se reivindicam do socialismo e direções sindicais devem se colocar pela convocação de um Dia Nacional de Luta, com paralisações e manifestações para unir em um só movimento as reivindicações dos explorados brasileiros com as bandeiras do internacionalismo proletário pelo fim das guerras e pela paz sem anexações.
