Comuna ontem e Paris hoje não se rendem!

Por Alexandre da Silva


A grande lição que o proletariado da Comuna de Paris ontem e da Paris de hoje nos ensina é a de que o leque de possibilidades históricas está em aberto. E que o “fim da história”, proclamado por tantos filósofos, ontem e hoje, e de diversas formas, não passa de uma posição de classe; a da classe que precisa conservar seu poder material.

O grande protagonista da sociedade atual, o agente da mudança, o Proletariado, está vivo e encerra em suas iniciativas o potencial da mudança. A grande arma para a conservação e reprodução de seu poder material por parte da burguesia é, sem dúvida alguma, o domínio ideológico. Dentro da lógica capitalista de maximização dos lucros, o domínio “materialmente” subjetivo é aquele que traz uma maior eficiência de resultados.

O arsenal ideológico é múltiplo e aplicável para situações específicas. Eles variam desde a moral tradicional, a religião, a ideologia das identidades tanto de “esquerda” como de “direita”, etc. Ou seja, “produtos” para atender as mais várias origens e dificuldades sociais. De forma que é criada toda uma “mitologia”
das ideias que respondem, denunciam os efeitos, as aflições, as opressões sentidas pelas mais variadas características de raça, gênero, sexualidade, posição social, etc., que atingem a massa dos trabalhadores.

Temos assim a mais poderosa das armas nessa digamos “guerra psicológica”: a pós-modernidade, mãe das identidades, chega em resposta as grandes lutas travadas pelos trabalhadores, sejam elas as revoluções de 1848 (primavera dos povos), a Comuna de Paris (inspiração deste texto), a Revolução Russa e todas as outras da primeira metade do século XX . Com elas, as opressões são denunciadas, mas não se propõe a solução das mesmas pois o horizonte revolucionário é apagado do ideário de lutas. Por isso, o máximo que esses movimentos conseguem é resistir, pois o conceito burguês de fim da história está neles implícito.


Por isso as lutas pelas identidades são baseadas em estereótipos, características físicas, nas formas. E como sabemos: “a forma não revela em si a essência”. Assim, não se mergulha na raiz dos problemas ficando à margem dos fatos ganhando o mundo um carácter semântico, conotativo e discursivo.

Segundo dados da própria OMS, o mundo chega em 2022 à marca de 700 mil suicídios, revelando à superficialidade das explicações identitárias ao sofrimento humano. A separação das bases materiais em relação ao sofrimento humano, a relativização superficial das causas, desprezando a categoria de exploração, motor da acumulação capitalista, nos leva a uma massa de doenças psicológicas sem precedentes na história da humanidade. Levando a uma igual medicamentação das aflições humanas.


O proletariado francês, ontem e hoje, representa a esperança, sim, de que a inércia subjetiva imposta como arma na luta de classes possa ser superada, e a humanidade deixe o reino da necessidade para trás e abrace o reino da liberdade, da real e definitiva liberdade humana!


Comuna ontem e Paris hoje não se rendem!

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