Por Augusto Souza
18 de março de 1871 é um marco histórico na luta do proletariado francês, europeu e em especial parisiense. Pela primeira e única vez, o proletariado em armas, em uma insurreição toma o poder em Paris. O contexto histórico da ascensão de Bismarck na Prússia, da guerra franco-prussiana e da consequentemente derrota e queda de Bonaparte III; foram determinantes na tomada de poder dos proletários em Paris. Fortemente influenciados por correntes de ideias revolucionárias anarquistas ( Bakunistas, Proudonistas e Blankistas) e também pelo marxismo, estabeleceram assim, nesta experiência de luta, as formas embrionárias dos conselhos pelo sufrágio direto, delegando-se poderes nas mãos dos trabalhadores.
Apesar da pouca duração, haja vista a repressão sanguinária da burguesia, em apenas três meses de poder, várias bandeiras foram levantadas e implantadas em favor dos trabalhadores pela Comuna de Paris. Os ecos da Comuna de Paris repercutem e se fazem presentes ainda hoje na luta do povo francês e dos trabalhadores de todo o mundo.
As jornadas de lutas do movimento dos coletes amarelos na França revolucionária, em 2018/2019, significou o ascenso do movimento de massas no século XXI, momentaneamente desaparecido na ressaca da queda do muro de Berlim, onde várias bandeiras são erguidas contra as reformas injustas do neoliberalismo capitalista em crise estrutural.
Há um mês que o povo francês está nas ruas de Paris, mais uma vez travando lutas históricas contra as reformas neoliberais da previdência que aumentam a idade mínima para a aposentadoria dos operários franceses de 62 para 64 anos.
A crise do capitalismo e as injustiças da exploração do capital burguês fazem ressurgir novamente as jornadas mundiais de luta dos trabalhadores, inspiradas nos heroicos comunardos de Paris. São greves em todos os continentes: na América Latina, na Europa, seja contra a retirada de direitos, seja no combate a ditaduras sanguinárias burguesas, e até mesmo contra o trabalho escravo. Os trabalhadores inauguram assim, um novo ciclo das lutas de classes, que são combatidas de forma truculenta e sanguinária pela reacionária burguesia capitalista, juntamente com os reformistas da social-democracia que preservam a ordem do capital. O sonho de emancipação dos trabalhadores pela luta a favor do socialismo está vivo, e continua nas lutas contra a exploração e repressões da sociedade do capital. O ideal de emancipação dos heroicos comunardos de Paris se mantém gravado na memória histórica de todos os trabalhadores do mundo hoje que aspiram por uma sociedade sem opressão e exploração.