Israel: filho pródigo do colonialismo europeu

Berenice Bento

Fala de Berenice Bento no Ato Internacional pela Pelestina. Este vídeo foi gerado pelo Portal Desacato, que produziu as imagens de transmissão do Ato.

Hoje estamos reunidos contra o plano de “anexação” de 1/3 da Palestina por Israel. Quantos atos como este já aconteceram ao longo dos 72 anos de roubo continuado de terras e vidas palestinas? Israel é um Estado fora da lei, terrorista. Diante do escândalo político que esse Estado representa nos deparamos com o fracasso continuado das leis internacionais em se impor.

É proibido a potência ocupante anexar territórios? Ora, o que faz Israel?!  Segue ocupando, construindo muros, matando, torturando palestinos, transformando uma população inteira em prisioneira, a exemplo de Gaza.

É uma guerra demográfica continuada contra o povo palestino, uma limpeza étnica sem trégua. A certidão de nascimento de Israel está manchada com o sangue dos palestinos. Israel é o filho pródigo do colonialismo europeu. Em 1948, foram 31 povoados palestinos que desapareceram; 750 mil palestinos expulsos de suas terras. Em 1967, mais de 300 mil.

E por onde anda este povo, os que sobreviveram aos massacres?  Vejamos o vergonhoso caso de Gaza.  Em apenas 365 quilômetros quadrados, vive uma população de dois milhões de habitantes. Mas, atenção, deste total, 64% são refugiados, vivem em campos de refugiados dentro de Gaza. Ou seja, 64% da população de Gaza tiveram suas casas e terras roubadas.  É como se tivessem roubado tua casa, matado teus parentes e, não satisfeito, o ladrão te leva para outro lugar e te mantém em cativeiro.  Aí você diz: “Olha, isso está errado. A lei me assegura o direito de voltar para minha casa”.

As marchas pelo direito ao retorno que aconteceram em Gaza demandavam exatamente isso: o respeito ao direito de voltar para casa. Mas o ladrão segue seu trabalho. Ele é insaciável. Em dois anos de Marcha pacífica, eis o resultado:  8.000 palestinos feridos, quase 300 palestinos mortos.

São 58 campos de refugiados palestinos espalhados entre Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano. Atualmente, o território da Palestina, somando Gaza e Cisjordânia,  é de cerca seis mil quilômetros para uma população de quase cinco milhões. E Israel? Quase 21 mil quilômetros quadrados, para uma população de cerca de 7 milhões. E os palestinos ainda têm que lidar com 600 mil colonos judeus, um tipo de miliciano sanguinário.

O fracasso continuado dos organismos internacionais em impor a lei a Israel, nos impõe, dramaticamente, a ativistas dos direitos humanos e  internacionalistas, a tarefa de denunciar  o sionismo como uma ideologia racista, supremacista e de morte, irmão univitelino de supramacistas estadunidenses e dos Bolsonaros brasileiros.   Não há qualquer possibilidade de relativizar. Não outra ação possível que não seja o do boicote total a Israel.  

A palavra de ordem, portanto, não pode ser apenas “Pare a anexação!”. Mas “Pare com o genocídio do povo palestino”.

Obrigada.

Berenice Bento é Professora da Universidade de Brasília, onde também coordena o Grupo de Estudos “Retóricas do Poder e  Resistências”. Acima, o texto escrito de sua fala no Ato Internacional pela Palestina ocorrido em 04-06-2020. O ato inteiro, do qual participaram 30 ativistas, artistas, intelectuais de vários países do mundo, se encontra disponível no Portal Desacato no Youtube.

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