Capitalismo: uma nova crise financeira no epicentro do capital (EUA) acende uma luz amarela.

Por Augusto Souza

Na última quinta-feira (09/03/2023), a notícia da falência do maior banco ligado ao vale do silício, o S.V.B (silicon valley bank) acendeu uma luz amarela, deixando os mercados em queda nas bolsas do mundo todo.

O banco S.V.B. é o principal financiador de negócios ligados às startups, que são empresas ligadas às novas tecnologias. O banco em questão possui 44 por cento dos negócios ligados ao Vale do Silício. Teve que colocar à venda no mercado 57 bilhões de títulos em ações, abaixo do valor para cobrir rombos devido à queima acelerada de caixa dos clientes. Isso provocou um abalo no mercado com a queda das bolsas no mundo todo, e como consequência saques desesperados e generalizados de acionistas, e clientes.

O outro lado da história é que as startups ligadas ao Vale do Silício sofrem com falta de liquidez, financiamento para os projetos, o que indica estouro da bolha nos setores de tecnologias com seus papéis podres.

Segundo a maior empresa de consultoria americana especializada em finanças, Gavekal Group, a falência do banco do Vale do Silício apenas demonstra a ponta do iceberg de uma crise que pode se espalhar para outros bancos em efeito dominó, já que as ações estão espalhadas por toda Europa, gerando crise de efeitos catastróficos muito pior do que a crise financeira de 2008.

Notadamente, este é mais um capítulo de um sistema econômico, como o do capitalismo financeiro parasitário, que se descolou do seu lastro real. Em 2008, a crise de subprime levou à falência de um dos grandes bancos americanos, espalhando a crise para toda Europa. Na época, a formação de uma bolha financeira do setor imobiliário foi a principal causa.

A corrida do setor da construção civil nos EUA levou os bancos a derramarem no mercado imobiliário bilhões com juros baixos. Não houve um critério de financiamento. Os títulos e papéis geraram uma corrida alucinada para especulação financeira.

Com a subida dos juros, os imóveis encareceram e, como consequência, vieram em cascata os calotes dos clientes, tanto quanto o encalhe dos imóveis, já que os títulos foram vendidos com base no mercado futuro. Para salvar o sistema financeiro, o Fed injetou três trilhões para o sistema financeiro não implodir, dinheiro fabricado sem lastro na economia.

Agora estamos na iminência de uma nova bolha, também ligada ao setor tecnólogico das startups, por conta da falência do silicon valley bank. Contudo, no sentido inverso da bolha imobiliária de 2008, que foi formada com base no derrame de papeis podres (excesso de liquidez) sem o correspondente lastro de mercado, a crise financeira atual que se avizinha aponta para uma falta de liquidez nos bancos, arrastando consigo as startups, que agora seguem ladeira abaixo, com a falência do silicon valley bank.

Enfim, de bolha em bolha, o capitalismo viciado em silicone financeiro, horas com excesso de liquidez e horas com a falta, superestimando os papéis em mercados futuros, não possui lastro real em sua economia. A sua acumulação fictícia já não cabe dentro da lógica de reprodução da mais-valia. Com isso, a queda tendencial da taxa do lucro e a bancarrota financeira.

As atuais falências de bancos como o silicon valley bank têm como causas entrelaçadas a crise da guerra da Ucrânia, que provoca inflação, juros altos, expansão dos preços dos combustíveis, desemprego, o que desencadeia a falta de liquidez financeira por conta da queima acelerada de caixas dos bancos, provocando saques maiores que os depósitos em caixa.

Portanto, as margens de manobras dentro da economia capitalista, nesta crise financeira, estão no seu limite. A intervenção de praxe nos bancos falidos é a garantia aos clientes e credores, é o primeiro passo para que a crise não venha contaminar todos os bancos. Neste sentido, o derrame de dinheiro sem lastro na economia real a partir do Fed, como já vinha sendo feito, é a única solução para salvar temporariamente o sistema financeiro capitalista da crise em efeito dominó, evitando assim uma bancarrota global dos bancos.

Finalmente, a outra saída desta crise estrutural já está sendo aventada pelo governo Americano, a saber: transformar a guerra da Ucrânia em um conflito global como saída para queima do excedente de capital, com a consequente reativação da indústria bélica para resolver o impasse econômico da crise, como na segunda grande guerra, que gerou um boom econômico nos EUA e Europa.

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